Centenário de Rômulo Almeida é comemorado nesta segunda-feira (18)

Com faturamento global de US$ 15 bilhões e geração de 45 mil empregos, o Polo de Camaçari é o maior conglomerado industrial integrado do Hemisfério Sul, respondendo por 30% das exportações baianas, além do recolhimento de R$ 1 bilhão em impostos. Os dados atuais do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic) impressionam e evidenciam, por outro lado, o importante papel do idealizador do Polo: o economista autodidata baiano Rômulo Almeida, que se estivesse vivo (morreu em 1988) completaria 100 anos nesta segunda-feira (18/8).

Não só o complexo industrial de Camaçari, que já tem mais de 35 anos, mas também importantes agências e empresas consideradas estratégicas para o desenvolvimento do país, como Petrobras, Eletrobras, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e Banco do Nordeste (BNB), são alguns dos ícones da atuação visionária de Rômulo Almeida, um dos principais responsáveis pela criação das instituições.

Chamado de “construtor de sonhos”, ele notabilizou-se nacionalmente como um dos maiores defensores do planejamento como ferramenta do Estado para a promoção do desenvolvimento econômico e social. “Rômulo era sim um visionário, um transformador, que estava sempre muito à frente do seu tempo”, afirma o presidente do Cofic, Mauro Pereira.

Ele destaca como o projeto do Polo foi audacioso à época. “Foi implantado em meio a um cenário de dificuldades no país, sem tecnologia, sem capital e num local sem tradição industrial, mas ainda assim Rômulo previu o sucesso da atividade petroquímica a partir da proximidade da Refinaria de Mataripe”.

Assembleia

Uma das ações previstas na programação especial do centenário é justamente o debate do projeto de lei, de autoria do deputado Álvaro Gomes (PCdoB), que prevê batizar o complexo de Camaçari como Polo Industrial Rômulo Almeida. “Não conheço o projeto, mas, particularmente, acho que seria algo de muito orgulho para a Bahia”, diz Mauro.

“Seria uma homenagem mais do que justa já que ele foi o criador do Polo, que ainda tem na atividade petroquímica a base para toda a cadeia produtiva, além de ser fator de atração para a diversificação e crescimento que se tem hoje”, defende o presidente do Instituto Rômulo Almeida de Altos Estudos (Irae), Aristeu Almeida, irmão do homenageado.

O assunto deve tomar conta das homenagens previstas para amanhã (19) na sessão solene, prevista para as 15h, na Assembleia Legislativa, no Centro Administrativo, em Salvador.

“A proposta tramita já há dois anos na Casa e nessa sessão vamos trazer o tema à baila para que seja debatido abertamente pelos nossos representantes políticos, aproveitando para ressaltar a importância do Rômulo Almeida para o desenvolvimento da Bahia e de todo o Brasil”, ressaltou Flávio Almeida, sobrinho do homenageado e organizador da programação do centenário.

Segundo o professor Alexandre Barbosa, que preside um grupo de pesquisa sobre Rômulo Almeida na Universidade de São Paulo (USP), muito antes da inauguração do então Polo Petroquímico de Camaçari, em 1978, Rômulo Almeida já defendia, em 1959, a implantação de uma petroquímica e de uma siderurgia como forma de alavancar a atividade industrial no estado.

“Ele já havia sido assessor econômico da Presidência e queria que a Bahia passasse a ter importância estratégia nacionalmente. Na época, muitos riram dele”, conta Barbosa. “Sou movido pelas preocupações com o futuro”, respondia o economista, como lembra o pesquisador.

Fonte: A Tarde